Estava eu a caminhar pela rua nessa segunda-feira, 06/04, a tardinha no centro, deu aquela vontade de andar a pé e falar com as pessoas e nesse passeio encontro uma senhora que conheço desde a minha infância (não vou dizer seu nome nesse relato) e ela me acompanhou na passada e do nada ela pediu para sentarmos em um dos bancos da Praça da Matriz que ela queria conversar comigo uma coisa importante que ela nunca havia falado com ninguém! Fiquei curioso e surpreso pela aproximação espontânea que ela teve comigo.

Ao sentarmos na praça ela me disse que viu um comentário no meu facebook, (inclusive ela tem um perfil e sempre acompanha minhas postagens), a respeito de preconceito com gays e lésbicas e que ela disse ter ficado feliz quando eu disse nesse comentário “o que importa é o povo feliz e não sua opção sexual”, e aprofundou em minhas postagens e viu outras semelhantes que defendiam a causa GLBT e sempre contra qualquer tipo de repressão das pessoas que não aceitam nada fora dos padrões do tal moralismo.

Você é gay? Ela me perguntou!

- Eu respondi, não preciso ser gay para defender quem quer ser feliz! Ela riu como se fosse uma fala de conforto.

Na sequência ela olha pra mim e diz “sou lésbica”, um curto silencio na sequência continuou, na década de 1950 ser assim era bem difícil, “se meu papai se quer sonhasse com isso ele não teria paciência para ouvir o que eu queria ser, o que sentia referente a amor e muito menos aceitar o fato da filhinha querida dele gostar de mulheres, ele com certeza me matava”.

“Hoje estou com 73 anos, sou muito bem casada, mãe de 7 filhos, avó de 22 netos e 3 tataranetos, e sinto que minha vida podia ter sido melhor, não tenho o que falar do meu marido, convivemos várias crises juntos e ele sempre foi uma ternura de pessoa comigo e é o meu melhor amigo, só que mesmo com todas essas conquistas sinto que deixei algo importante da minha vida passar, tinha um grande amor na época e até hoje nos falamos sempre e sempre fica no ar o que poderíamos ter sido juntas.

“Meu filho de um dia desses para cá tenho visto tanto ódio que me faz lembrar do mesmo ódio dos anos 50”.

“Queria desabafar com você isso porque algo em mim disse que poderia confiar e queria ir além, mesmo você não me identificando para seus amigos que você for falar algo sobre essa conversa queria que você contasse essa história para todo mundo para ver se servir para ajudar as pessoas a refletirem mais sobre as suas escolhas de vida!

Depois ela me deu um abraço forte com os olhos cheios de lagrimas e seguiu seu caminho!

O que senti de verdade

Na verdade fiquei anestesiado com a história dela, sabe aquela pessoa que você conhece, troca gentilezas e conversa informalmente na rua, a felicidade tomou conta de mim pelo fato dela ter me escolhido para contar seu segredo que está preso no eu dela há mais de 7 décadas, não e todo dia que ouvimos confissões como essas.

Escrevi o texto e bloquei, multipliquei nas redes sociais e sites parceiros com toda a honra do mundo.

Quero que a senhora saiba que a satisfação é toda minha e que história impressionantes de vida assim sempre serão bem vindas!

Reprodução: www.rikaryo.com.br