O grupo BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, recentemente aprovou a inclusão de seis novos membros em sua organização econômica. A partir de 1º de janeiro de 2024, Irã, Argentina, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU) se tornarão oficialmente parte do BRICS, marcando um passo significativo para expandir a influência global do grupo.
O presidente chinês Xi Jinping saudou essa expansão como um desenvolvimento histórico. Pequim desempenhou um papel de liderança ao defender essa ampliação, e a decisão tomada durante a cúpula de Johannesburgo pode ser vista como um triunfo dos esforços de Xi Jinping.
O presidente sul-africano Ramaphosa anunciou esse marco durante uma coletiva de imprensa onde convites oficiais foram enviados. Ramaphosa e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva insinuaram que essa expansão provavelmente continuaria.
Lula enfatizou que as promessas da globalização haviam vacilado, pedindo uma revitalização da cooperação com nações em desenvolvimento devido às tensões crescentes entre Rússia e Ocidente sobre o conflito na Ucrânia, o que gerou preocupações sobre o risco de guerra nuclear.
Inicialmente, Brasil e Índia tinham reservas quanto à expansão, citando preocupações sobre os critérios e a possível diminuição de sua influência. No entanto, China e Rússia persuadiram com sucesso os membros de que o momento era oportuno para a ampliação.
Apesar das aparências, o BRICS não está isento de desafios. O líder russo não pôde comparecer à cúpula devido à possibilidade de sua prisão na África do Sul por supostos crimes de guerra. Além disso, Índia e China têm um conflito de fronteira em andamento, enquanto Pequim compete com os Estados Unidos, e Nova Deli mantém laços estreitos com Washington.
O objetivo de longa data da China tem sido expandir o BRICS, esperando aumentar sua influência, uma vez que o grupo já representa cerca de 42% da população mundial, um quarto do PIB global e 18% do comércio internacional. A Rússia também procurou novos membros para contrabalançar seu isolamento diplomático e sanções internacionais após sua invasão da Ucrânia, com o apoio da África do Sul à expansão.
Por outro lado, a Índia inicialmente se opôs à expansão, temendo a dominação chinesa e a possibilidade de que o BRICS possa direcionar seu foco para estados islâmicos, já que muitos dos novos membros potenciais são países predominantemente muçulmanos. A Índia, que tem disputas de fronteira com a China e compartilha preocupações sobre o aumento da influência chinesa com os Estados Unidos, estava cautelosa quanto ao BRICS se transformar em um bloco anti-EUA.
O Brasil compartilhava preocupações semelhantes sobre perder influência dentro do BRICS devido à expansão. Os representantes brasileiros preferiam uma abordagem gradual, onde os novos membros teriam inicialmente status de observador e, após cumprir determinados critérios, obteriam a adesão plena.
A China enxerga o BRICS como um concorrente formidável para o G7 por meio da expansão. No entanto, permanece incerto se o BRICS se concentrará principalmente em salvaguardar os interesses econômicos das nações em desenvolvimento ou surgirá como uma força política que desafia abertamente a dominação ocidental.
Em relação à expansão do BRICS, cada Estado membro tem suas reservas e considerações. O assunto foi levantado pela primeira vez durante a presidência da África do Sul em 2018 e foi explorado ainda mais após a cúpula virtual do ano passado organizada pela China. Alguns argumentam que um BRICS expandido pode se tornar menos eficaz, com posições mais diversas e conflitantes entre seus membros.
Mais países buscam adesão ao BRICS
Os países que buscam a adesão ao BRICS têm várias motivações, que vão desde interesses econômicos, como a adoção de moedas locais, até considerações geopolíticas, como desafiar os Estados Unidos. A inclusão de estados abertamente hostis ao Ocidente, como o Irã, poderia inclinar o equilíbrio para uma postura antiocidental, segundo especialistas.
Apesar de compreender cerca de 46% da população mundial e um quarto do PIB global, o BRICS tem lutado para estabelecer uma visão coesa, limitando seu impacto potencial na política e economia globais.